quinta-feira, 29 de abril de 2010

Afetividade

Esta semana participei de uma palestra sobre afetividade. O tema foi abordado por uma psicóloga, cujo nome só tenho o primeiro: Rosana. Ela o fez com muita propriedade e confesso, que tanto a explanação quanto a dinâmica proposta mexeram comigo e acredito que com a maior dos presentes. O que gostaria de compartilhar e ao mesmo tempo sugerir é um tema para reflexão.

Os trabalhos tiveram início com cada um dos participantes enchendo uma bexiga, imaginado que aquele era o seu amor. E todos deveriam cuidar daquele objeto, como se fosse a pessoa mais querida de sua vida. Engraçado como muitas vezes não damos importância ou descuidamos dos nossos amores. E na brincadeira, a psicóloga mostrava isso de tempos em tempos “olha, cuidado..., onde está o seu amor?”, questionava. “Está embaixo do braço, embaixo do banco, dentro da sacola?”, continuavam os questionamentos. Embora muitos rissem, essa pequena atividade serviu sim para pensarmos como estamos tratando as pessoas queridas.

Na parte da dinâmica veio ainda um puxão de orelhas maior. Tínhamos, em mãos, sete pequenos pedaços de papéis e uma caneta. Deveríamos numerá-los e escrever em cada um o que mais ocupava nosso tempo, no dia-a-dia, com o que era nossa maior dedicação. As “ditas” prioridades. E dando sequencia à dinâmica ela pediu para que imaginássemos uma situação, a qual o local em que morávamos tinha sido totalmente destruído e tínhamos que nos mudar e assim abrir mão da sétima e depois da sexta e da quinta prioridade.

Os participantes reclamavam a cada exclusão. Embora fosse uma simples brincadeira, sentíamos a dor da perda. Alguns de nós, eu, por exemplo, tinha no item cinco o social com a família e amigos. E ai começamos a mentalizar se tivéssemos que abrir mão de mais e mais coisas que julgamos ser prioridade na nossa vida. Percebi que o trabalho estava em primeiro lugar, os cuidados com a casa em terceiro. Meu Deus! Levei uma chacoalhada! Tinha que mudar tudo isso, estava errado.

E ainda na brincadeira pudemos mudar a ordem das coisas como gostaríamos que fosse e então o filho, o marido, a esposa, os amigos, os prazeres foram para o topo da lista. Confesso que ao escrever isso ainda fico emocionada. O que fazemos da nossa vida? O que é prioridade para nós? Como estamos tratando as pessoas que nos amam, que nós amamos e que nos cercam? A gente se esquece como o tempo passa rápido e como tudo fica para traz. E o que podemos carregar, manter dentro de nós, é a educação, a cultura, o aprendizado, as emoções, os amores...

Mas a dinâmica nos mostrou ainda que em qualquer momento da vida temos oportunidades de mudanças. Não significa que será feito da noite para o dia, mas podemos nos esforçar e valorizar o que realmente tem valor na vida, as pessoas e os relacionamentos.

Outro ponto relevante é que devemos estar em primeiro lugar nesta lista de prioridades e assim fazer as coisas para nós mesmos com muito prazer, nos presenteando com o que há de melhor. Sim, ela reforçou isso. Muitas pessoas colocam gasolina “maxi”, aditivada, a melhor peça e outras coisas no seu carro, levam o melhor para a casa, para um filho ou cônjuge. E para nós? O que temos feito por nós mesmos? Temos nos presenteado? Mesmo que com pequenos momentos de prazer, como ela mesma citou, ir a uma sorveteria e parar por um tempo para saborear um gostoso sorvete. Ou mesmo deixar a TV de lado e curtir um pouquinho uma noite enluarada com seu parceiro?

Na avaliação da psicóloga, e eu concordo com ela, muita vezes aceitamos migalhas de carinho, não exigimos o melhor e está errado. Se damos o melhor temos que exigir o melhor também. Temos que, em primeiro lugar nos amar, para que outras pessoas nos amem também. E assim teremos uma vida mais feliz, sem nos importarmos tanto com as questões materiais.