Não tenho
outra coisa para falar esta semana, senão sobre missões. O que vem a ser
missões, no contexto evangelístico? Dentre muitas outras ações
contribuir para a proclamação do Evangelho. O objetivo é levar o amor de Deus
aos povos, através de ações/atividades pensadas e desenvolvidas de acordo com as
necessidades de cada local visitado.
Na semana do dia 14 de julho tive a oportunidade de participar de um
trabalho deste, pela IBCNO (Igreja Batista Central de Nova Odessa) com a
família Montanha Jardim, de Atibaia. Fomos em um grupo de 22 pessoas para a
Aldeia Limão Verde, em Aquidauana (MS). Experiência única!
A viagem é longa e cansativa, demoramos 24h para fazer o trajeto na ida
e um pouco menos na volta. Muitas atividades foram desenvolvidas lá. Trabalhos
com as crianças, jovens e adultos. Com os pequenos foram contadas histórias,
realizadas brincadeiras e atividades físicas e sempre, ao final de cada
programação, oferecido um lanchinho. Com os jovens, também atividades
específicas e assim como para os adultos.
Em cada situação tinha sempre uma mensagem da Bíblia, muitos louvores e hinos
e na última noite (sexta) culto para todos juntos. Uma dentista e uma estudante
de odontologia, do grupo de missionários, prestaram atendimento a 80 índios. O
dentista que atende normalmente na aldeia prioriza as crianças e atende apenas
quatro pessoas por semana.
Outra atividade realizada para todos foi a corrida, no sábado pela
manhã, dia da nossa partida. Essa corrida é um sucesso, participam desde o
menor bebê, carregado geralmente pela mãe, a pessoa com mais idade que queira.
Mais de 400 pessoas participaram da 17ª Corrida realizada por este grupo de
missionários nesta aldeia. Todos os participantes recebem uma camiseta da
corrida, uma medalha e cada um tem direito a escolha de um prêmio, distribuídos
entre brinquedos, acessórios de casa, roupas e calçados, materiais estes
recebidos em doação. Todos também participam de um grande almoço servido,
gratuitamente, no local.
A caravana Montanha Jardim vai todos os anos para esta aldeia, as vezes
duas vezes no ano. Este trabalho começou há quase três décadas (há 28 anos).
Se existe alegria quando os missionários chegam? Muita. A aldeia fica em
festa, os índios se aglomeram. Basta sair um grupo de missionários pela estrada
para uma visita e logo se vê uma turminha de indiozinhos os seguindo. O casal
que comanda a caravana Tio Dirceu e Tia Landa são considerados da família, o
carinho que existe entre eles e os índios, assim como com outros missionários
que já participam há anos, é visível.
Na chegada dos missionários a aldeia já tem um grupo esperando. As mulheres
logo se dispõem, com muita alegria, a trabalhar na cozinha. As tarefas são
distribuídas. Alguns missionários se mobilizaram para fazer um parquinho
infantil de madeira. Outros partem para as visitas dos mais idosos que já não
conseguem se deslocar até a igreja e concentração das pessoas.
Neste período em que estivemos lá, foram realizados dois bazares, com
doações que os missionários arrecadam e levam a cada viagem. As peças têm um
valor irrisório, no primeiro bazar R$ 0,25 (Vinte e cinco centavos de real). No
segundo, com peças um pouco melhores, o valor era de R$ 2,00. Os valores
arrecadados ficam para a igreja que vai melhorando aos pouquinhos o espaço que
serve toda a comunidade.
Mas, quero agora falar sobre a atuação do Espírito Santo neste trabalho,
que fala aos nossos corações e nos envolve. Algumas vezes me peguei chorando ao
ouvir e acompanhar um louvor, ou durante uma mensagem ou mesmo vendo a
simplicidade e alegria daquele povo ao receber tão pouco e ao mesmo tempo
tanto, quando falamos da Palavra de Deus e do carinho e atenção de cada
missionário.
Conclui que não precisamos de muito, melhor, não precisamos de quase
nada para viver e viver bem, em comunhão com o seu patrício (como eles dizem).
Partilham a comida e a bebida - o tereré é passado de mão em mão, de boca em
boca, ficam juntos por horas apreciando esta bebida e conversando – também
partilham as situações difíceis, assim como as boas.
Outra coisa que nos chama a atenção é o respeito que os pequenos e
jovens têm com os mais velhos, chegam com as mãos unidas, fazem uma reverência
pedindo a benção, até os bebês mais novinhos se curvam. Inclusive para nós que
estávamos lá de passagem.
Oito dias juntos, compartilhando o mesmo teto, a mesma refeição,
atividades, louvores e mensagens. Compartilhando o trabalhar de Deus em muitos
corações. Um tempo bom para conhecer um pouco mais de outra cultura e ver as
diferenças.
Aqui, estado de São Paulo, onde o capitalismo é desenfreado briga-se por
tudo e a maioria das pessoas está sempre em busca de algo mais, geralmente
material.
Embora tivesse televisão nas casas na aldeia, passamos oito dias sem
ouvir um som de televisão. Sem telefone ou internet, mesmo porque o sinal lá
quase inexiste. Uma das formas de comunicação é a rádio Comunitária Shalom FM
104.5. Uma rádio evangélica com programação o dia inteiro, inclusive aos
sábados. Além das mensagens e louvores, ela também é utilizada para dar avisos
a comunidade, principalmente relacionados a saúde, educação e outros de
interesse da coletividade.
Gente igual a gente, mas que vive de forma tão diferente. Achamos que
estamos bem, buscando mais e mais a cada dia, mas temos muito o que reaprender
com eles. Que Deus nos abençoe!
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. Mateus 28:19,20
Mari Lira
Membro da IBCNO