Por fim, no frigir dos ovos, algumas pessoas até gostaram da ação do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, pelo menos do desfecho, com o “bazar” feito com os seus pertences. E se for ver, alguns até querem que outros como este apareçam. É o consumismo da população, agregado a curiosidade, no caso das pessoas que queriam ter conhecimento de seus pertences, seus costumes, sua vida particular. O que será que ele usava? Por que tinha tantas coisas? Não tem como negar, infelizmente, no fundo, a população até espera por outro “bazar” como este.
De acordo com divulgação, mais de 5 mil pessoas compareceram ao Jockey Club de São Paulo, nesta terça-feira (08/04). Porém poucas pessoas entraram, a informação é que cerca de 500 pessoas participaram do leilão. No tumulto, houve empurra-empurra e até desmaios. O evento começou ao meio-dia e deveria terminar às 20 horas, mas só durou 2 horas. Para conter as pessoas que ficaram do lado de fora e queriam a todo custo obter algo, os policiais usaram gás de pimenta.
Fico me perguntando, por que as pessoas se sujeitam a passar por isso? Somos consumistas isso é fato, mas até que ponto alguém aceita este tipo de situação para obter um bem durável ou de consumo? Ou é o significado embutido neste processo? Afinal, Abadía tornou uma pessoa “famosa” e ai esquece-se tudo o que há por trás disso. Todo o esquema do tráfico que, entre outras coisas, leva o País cada vez mais para o ralo.
Os produtos, desde peças íntimas, vinhos de um lote especial para a comemoração dos 500 anos do Brasil, até geladeiras, carros, equipamentos de ginástica e outros, avaliados em mais de R$ 2 milhões, foram vendidos até 70% abaixo do preço de mercado.
Um outro bazar foi programado para quarta-feira e os organizadores, esperando uma maior “organização”, distribuíram senhas. E mais, um deles, achou o evento um sucesso.
Fico pensando que algumas pessoas, mas essas são poucas, não querem nenhum desses produtos, nem que seja de graça. Isso porque foi custeado com o dinheiro de drogas, com a vida de alguns, com o vício de outros. Se as pessoas conscientes realmente querem por um fim neste tipo de esquema, um grande protesto seria não aparecer ninguém neste evento, não adquirir uma única peça.
Enquanto isso algumas pessoas pensam e pedem, que venham outros Abadías, não importa o preço pago por isso e sim o quanto eu vou pagar na peça que vou adquirir neste evento. Não havia preocupação se os produtos eram de um traficante acusado até de assassinatos. Uma vendedora comentou que era só jogar sal e água benta em algumas peças. Nesta condição são meros receptadores (crime, no caso de produto roubado), sim, só que, desta vez, de certa forma “legalizada”.
A única coisa boa de toda esta história é que parte do valor arrecadado será doada a algumas instituições de caridade e outra parte será destinada a contas judiciais.
Como disse Arnaldo Jabor em seu comentário na Rádio CBN, “era uma espécie de liquidação e tipos de liquidação como esta é a cara do Brasil. Tudo começa em drama e acaba em chanchada”.