Se
nos permitirmos passar um tempo observando uma criança podemos ver como fica
absorta em seu mundo particular, sem a necessidade de compartilhar aquele
momento com ninguém. É apenas ela e seu pequeno mundo ou tão grande mundo, pelo
seu foco, que não temos condições de mensurar.
Isso
nos ensina muito, a ter concentração e foco naquilo que estamos fazendo, seja o
que for, pois hoje temos o mau hábito, em função do pouco tempo, de fazer
muitas coisas ao mesmo tempo. Do tipo: cozinhar, falar ao telefone, e no meio
da conversa anotar o que precisa comprar no mercado e dar uma ordem ao filho.
Nossa cabeça parece que está a mil por hora e não é de se estranhar que muitas
vezes nos admiramos questionando se realmente fizemos algo que nem lembramos.
Outra
coisa que as crianças sempre nos ensinam é agir com simplicidade. Para nós,
adultos, envoltos em uma correria frenética, diária, vemos monstros e bichos de
sete cabeças onde não existem. Ficamos nervosos e agitados com a mínima coisa
que sai do eixo. Enquanto que para a criança, com sua ingenuidade, parece ser
possível solucionar tudo de forma bastante simples. Do tipo: reclamamos que
estamos com dor de cabeça, uma, duas, três vezes e a criança vira para nós e
diz, “tome um remédio”, simples assim.
Tenho
um filho pequeno, hoje não mais tão pequeno, vai completar 12 anos nos próximos
dias. Mas por volta dos seus 6 ou 7 anos, sempre derrubava leite na toalha da
mesa da cozinha, que tinha acabado de trocar (Lei de Murphy). Isso me irritava
e muitas vezes eu briguei com ele. Ficava triste, parecia até que o leite tinha
perdido o gosto e eu mal também, porque não tinha necessidade daquilo, mas
quando, via a cena se repetia.
Em
um desses dias, com o leite sobre a toalha limpa, eu decidi ficar quieta, pois
já tinha percebido que não adiantaria esbravejar. Ele olhou para mim, com uma
carinha tão singular, tão meiga, e falou com calma, com o copo na mão, e o seu
habitual bigode de leite “mãe, tudo bem... depois a gente troca a toalha”. Como
se me dissesse: que importância isso tem, não é? E ele tinha razão.
Com que olhos,
olhamos as coisas, de que forma? Que importância damos a cada detalhe, será que
os merecem? E as situações que realmente importam e requerem nossa atenção,
temos dado? Temos que refletir sobre o nosso comportamento diário e buscar
aprender um pouco mais com estes pequenos que muito nos ensinam.
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