No passado, um tanto distante, há algumas décadas, quando o
assunto era criança vinha sempre acompanhado de um sentimento de ingenuidade,
alegria, arte, as conhecidas traquinagens, mas algo muito saudável. Era muito
bom ver a criançada correndo, pulando, brincando.
Infelizmente, muita coisa mudou. Com a falta da estrutura
familiar e a mudança no comportamento da sociedade, a mulher/mãe mais atuante
no mercado de trabalho e os pais ou responsáveis cada dia mais atarefados, surge,
como reflexo disso, a ausência no lar.
Às vezes a falta de tempo ou mesmo o desinteresse é tão
grande que passa despercebido que aquela criancinha está crescendo, e não se
observam as companhias e mudanças no comportamento. O que a criança não teve em
casa vai buscar fora, e nem sempre acha o que é de melhor.
É triste abrimos o jornal, assistirmos a uma reportagem, ouvir
uma noticia no rádio ou ler na internet casos de crimes que envolvem crianças
com 10, 11 anos. No meio de quadrilhas que roubam, com pessoas que matam, se
prostituindo, se drogando. Onde estão os responsáveis por estes menores que
muitas vezes não tem noção do que estão fazendo ou da dimensão do estrago que
podem causar? Os corações vão se endurecendo e a banalidade imperando, rouba-se
e mata-se por quase nada. Muitas vezes,
os responsáveis estão também neste meio.
Somos todos culpados, a sociedade é culpada pelo degringolar
dos conceitos. O que podemos fazer para que isso não se torne ainda pior?
Existem muitas instituições, entidades, Ongs, pessoas preocupadas que trabalham
valores e conceitos morais, mas não são suficientes. É preciso muito amor para
trabalhar com o próximo e transmitir o que é bom. É preciso ainda insistência, paciência
e compreensão.
Não podemos fechar os olhos e fingir que isso não está
acontecendo ou simplesmente ignorar entendendo que em nossa família está tudo
bem. Será? Mesmo que esteja, qualquer um pode ser afetado com o que acontece no
dia a dia, nem que seja com o mal estar causado por estas pequenas vidas que
sofrem.
Temos sim, ainda, muitas situações com crianças que nos
remetem a ingenuidade e a alegria. Mas é preciso abrir os olhos, ver as
mudanças e pensar o que podemos fazer para que isso não se perca.
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